Após o êxito alcançado com as três primeiras colônias italianas no RS: Conde D´Eu, Dona Isabel e Caxias, o governo provincial da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul passou a criação da Colônia de Silveira Martins, vizinha a cidade de Santa Maria da Boca do Monte, depois conhecida como 4º Colônia. A primeira leva de imigrantes italianos, composta por aproximadamente 100 famílias, chegou a esta colônia por volta da primavera de 1877, ficando hospedados no Barracão de Val de Buia. A chegada dessa primeira leva coincidiu com a saída as pressas dos imigrantes eslavos que os antecederam – russos e poloneses – que abandonavam o local para se dirigir a Porto Alegre com destino ao Paraná. Esses emigrantes não resistiram às precárias condições do barracão e tendo ceifadas muitas vidas, devido várias epidemias, decidiram abandonar definitivamente as instalações. Logo vieram as demais levas de italianos e vênetos provenientes de Porto Alegre, os quais subindo o rio Jacuí, desembarcavam em Rio Pardo e, depois de um sem número de sofrimentos, a pé e em carroças de bois, alcançaram o local onde se encontrava o barracão que os devia hospedar temporariamente em Val de Buia, até a demarcação final dos lotes pela Comissão do Governo Imperial. Devido o moroso trabalho dessa comissão de demarcação e a sempre contínua chegada de novos imigrantes, que compunham as demais levas, o número daquela população rapidamente atingiu a cifra de aproximadamente 1000 pessoas, que era a soma das quatro levas, que esperavam a sua colocação nos lotes a eles destinados. O chamado barracão, que devia hospedar os recém-chegados, nada mais era que um pavilhão de grandes proporções, sem divisórias internas, sem privacidade, construído em madeira bruta lascada, coberto por folhas de palmeira, com muitas frestas nas paredes e chão de terra batida. A promiscuidade, a falta de higiene e a péssima alimentação disponível serviram de combustível que fez eclodir no local uma violenta, rápida e letal epidemia de doença infecto-contagiosa, aproximadamente entre os meses de maio e julho de 1878. Em pouco tempo as mortes já se sucediam num ritmo tão rápido que não dava mais tempo para a confecção de caixões que proporcionasse um enterro digno. Os enterros eram feitos com o corpo envolto em lençóis diretamente na terra. Muitas foram as famílias vênetas atingidas, algumas chegando a perder quase todos os seus membros. Acredita-se, de acordo com historiadores, que tenham morrido no local, em poucas semanas, mais de 300 imigrantes.
Fonte: Arquivos da La Piave FAINORS Federação Vêneta - Erechim RS
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta
Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta